março 27, 2007

Suavidade

Poisa a tua cabeça dolorida
Tão cheia de quimeras, de ideal
Sobre o regaço brando e maternal
Da tua doce Irmã compadecida.

Hás-de contar-me nessa voz tão q´rida
Tua dor infantil e irreal,
E eu, pra te consolar, direi o mal
Que à minha alma profunda fez a Vida.

E hás-de adormecer nos meus joelhos...
E os meus dedos enrugados, velhos,
Hão-de fazer-se leves e suaves...

Hão-de poisar-se num fervor de crente,
Rosas brancas tombando docemente
Sobre o teu rosto, como penas d´aves...

in, Florbela Espanca
Poesia Completa

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